“Minha linhagem foi de uma geração menor e insignificante, a casa do meu pai era daquelas mais pobres e desprezadas de todas as famílias da terra.”

Assim escreveu acerca de si mesmo John Bunyan, pregador puritano e autor de O Peregrino, o mais popular clássico cristão escrito no idioma inglês.

Bunyan nasceu em novembro de 1628 em Harrowden, Bedfordshire, na Inglaterra, e foi batizado numa paróquia em Elstow, no final daquele mês. Sua família morava em Elstow, um vilarejo situado acerca de dois quilômetros a sudoeste de Bedford. Seu pai foi um caldeireiro, ou funileiro, que viajava pelas cidades consertando frigideiras e panelas.

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A infância de Bunyan foi turbulenta. Por alguma razão, foi atormentado por pesadelos e pensamentos blasfemos. Nos anos seguintes ele interpretou essas experiências como a obra de Deus para trazê-lo ao conhecimento salvífico de Jesus Cristo. Ele frequentou a escola local para crianças carentes, mas os estudos foram interrompidos para que pudesse ajudar o pai a prover o sustento da família.

Apesar da vida difícil, ele desfrutava de pequenos prazeres. Como muitos jovens de sua época, Bunyan gostava de participar de diversos jogos em sua vizinhança; de dançar e também apreciar música. Com relação à sua leitura de livros, podemos citar a Bíblia ou O Livro dos Mártires, de John Fox.

O ano de 1644 foi crítico para ele. Sua mãe faleceu em junho e um mês depois sua querida irmã também morreu. Em agosto, seu pai casou-se novamente, um acontecimento muito doloroso para o jovem Bunyan. Em novembro, quando completou 16 anos, Bunyan entrou para o exército a fim de lutar na Guerra Civil que teve início em agosto de 1642. Provavelmente, sentiu-se feliz por sair de casa. Não está claro se Bunyan lutou com os monarquistas ou com o exército parlamentar, mas provavelmente foi pelo último. Muitas imagens militares em seus livros, foram colhidas durante seus três anos no exército.

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Um incidente interessante em sua carreira militar lhe causou grande impressão. No cerco de Leicester, um amigo pediu permissão para trocar de posição com Bunyan; durante a batalha, aquele jovem foi atingido na cabeça e morreu. Bunyan experimentou vários livramentos na infância, mas este acontecimento o convenceu de que Deus tinha um propósito especial para ele cumprir, embora ainda não fosse cristão.

Ao voltar para Elstow, Bunyan trabalhou como funileiro e prosseguiu em sua vida de pecado. “Eu tinha alguns parceiros que amaldiçoavam, juravam, mentiam e blasfemavam o santo Nome de Deus”, escreveu posteriormente. Não há qualquer evidência de que ele era alcoólatra ou imoral, apesar de ter descrito esses anos como muito sombrios.

Bunyan casou-se em 1649. Sua esposa era tão pobre quanto ele, mas de família cristã. Ela trouxera consigo dois livros religiosos: The Plain Man’s Pathway to Heaven (A jornada do homem comum ao céu) de Arthur Dent e The Practice of Piety (A prática da piedade) de Lewis Bayly. “Algumas vezes lia estes livros com ela”, Bunyan escreveu, “mas apesar disto, não me tornei um convertido”. Entretanto, ele procurava uma reforma em sua vida, por isso, começou a frequentar a igreja de Bedford, da qual John Gifford era o pastor.

Nos três anos seguinte, Bunyan lutou contra o pecado e com Deus. Ele queria escapar do inferno, mas gostava de seus pecados e encontrava dificuldade em abandoná-los. Certo domingo, quando jogava tipcat, “ouviu” uma voz interior que lhe dizia: “Queres deixar os pecados e ir para o céu? Ou preferes continuar pecando e ir para o inferno?” Ele ficou momentaneamente surpreso, mas decidiu continuar jogando. Afinal de contas, se fosse mesmo para o inferno, poderia ainda desfrutar das melhores coisas do mundo!

Certo dia, enquanto trabalhava em Bedford, viu um grupo de senhoras pobres sentadas ao sol, conversando. Curioso para saber sobre o que conversavam, aproximou-se para descobrir. “Ouvi, mas não entendi”, confessou mais tarde, “elas estavam longe de meu alcance. Elas conversavam sobre algo como um novo nascimento, a obra de Deus no coração e como tinham se convertido de seus miserável estado.”

Ao escutar o que diziam, uma profunda convicção apossou-se de seu coração, e passou a lutar desesperadamente para agradar a Deus. Interessou-se pela igreja e teve respeito pelos ministros; pelo vestuário diferente e pelos cultos, com um temor quase supersticioso. “Seu Nome, Seus Trajes e Sua Obra eram tão intoxicantes e encantadores”, escreveu. As pessoas notaram essa transformação radical e se perguntavam quanto tempo ela duraria. Certo dia, o pastor pregou sobre guarda o sábado, um duro golpe à nova autoimagem de Bunyan, e esse foi o fim de sua transformação pessoal até então. Ele voltou à cidade e os seus jogos favoritos, e ao mesmo tempo tentava calar a voz interior.

Certo dia, estava frente à vitrine de uma loja do vizinho “xingando e praguejando como costumava fazer”quando a dona da casa repreendeu-o abertamente. O fato de essa senhora não ter a recuperação muito lisonjeira fez que as palavras dela atormentassem sua consciência. Novamente, ele resolveu melhorar, e foi bem-sucedido por um tempo. “Estava orgulhoso de minha santidade”, escreveu, mas não sentia paz ou alegria no coração. Quanto mais tentava uma reforma exterior mais miserável se sentia interiormente. É claro que, muitas dessas experiências repercutiram no caminho, de uma forma ou outra, dentro de O Peregrino.

Deus usou o ministério e a amizade que ele desenvolveu com o pastor John Gifford para trazê-lo ao lugar de segurança como Seu filho. Bunyan foi batizado por Gifford em 1653, tornando-se membro da igreja de Bedford. “A conversão a Deus não é tão fácil e suave como alguns homens gostariam de acreditar”, escreveu. Tudo o que foi descrito em O Peregrino, confirma esse fato.

Em 1654 ou 1655, a família Bunyan (nessa época ele tinha dois filhos e duas filhas) mudou-se para Bedford, e ele tornou-se mais ativo na igreja. No entanto, 1655 foi outro ano crítico para ele: sua esposa e o pastor Gifford morreram. Naquele mesmo ano, os membros da igreja o incentivaram a começar a pregar, e em pouco tempo foi reconhecido que a mão de Deus estava sobre este simples funileiro. Em 1656, Bunyan publicou seu primeiro livro, Some Gospel Truths Opened (Desvendando algumas verdades do evangelho). Foi o primeiro de 60 livros publicados, contudo o mais famoso foi O Peregrino.

Em maio de 1660, a Comunidade Britânica teve seu fim e o rei Charles II reassumiu o trono. O princípio, o rei deu evidências de que cooperaria com todas as religiões na Inglaterra; mas em pouco tempo sua política mudou e ele começou a agir contra as igrejas independentes, favorecendo a igreja estabelecida. Em 12 de novembro de 1660, Bunyan foi pregar numa cidade distante acerca de 20 quilômetros de Bedford. Ele foi alertado de que corria o risco de ser preso, e no dia seguinte realmente o foi, – preso e colocado na cadeia da cidade. A despeito da súplica da esposa (ele havia se casado novamente) e dos amigos, permaneceu preso por 12 anos.

Bunyan não se tornou um prisioneiro abandonado na masmorra, pois ele teve certa liberdade e, ocasionalmente, recebia permissão para visitar sua família. Durante sua permanência na prisão, estudou a Bíblia, escreveu livros, tentou ministrar aos outros prisioneiros e trabalhou com tecidos, os quais vendia para sustentar a família. Ele escreveu 11 livros durante esse período, incluindo o autobiográfico, Graça abundante (Ed. Fiel, 2006).

Em 1670, a igreja de Bedford, o convidou para ser o seu pastor, e ao ser libertado da prisão em 1672, este chamado foi confirmado. Em 9 de maio de 1672, Bunyan recebeu licença para pregar. Em 13 de setembro foi oficialmente perdoado.

No entanto, em 1675, a Declaração de Indulgência foi revogada, e Bunyan voltou à prisão por seis meses. Provavelmente finalizou O Peregrino durante esta época. O livro recebeu permissão de publicação em 18 de fevereiro de 1678. Nathaniel Ponder, de Londres, foi o editor, e o livro teve sucesso imediato, com três edições seguidas no primeiro ano.

Finalmente, ao sair da cadeia, Bunyan continuou com as pregações e o ministério pastoral, e as bênçãos divinas sobre ele pairavam de maneira peculiar. Ele atraía multidões onde pregava, (e assim como acontecia com o seu Senhor) o povo comum o ouvia com alegria. Em agosto de 1688, ao viajar a cavalo para Londres, enfrentou uma tempestade e adoeceu. Ele pregou sem último sermão em 19 de agosto, e morreu no dia 31 do mesmo mês. John Bunyan foi sepultado em Bunhill Fields, um cemitério para dissidentes, localizado em frente à Capela de Wesley na cidade de City Road, Londres.

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